Metacloud: a evolução da nuvem com IA, 5G e edge computing
Partes da infraestrutura vão aonde estão os dados e os usuários, com as condições de performance e segurança para as aplicações emergentes, mas sem renunciar a agilidade, gerenciamento centralizado, automação e otimização financeira da multicloud
Na fase da transformação digital focada na interconexão de usuários, os desenvolvedores e engenheiros de infraestrutura (datacenter e rede) trabalham duro em cada segundo do tempo de resposta. Com uma nova geração de aplicações, já em produção em setores como agricultura, medicina, mineração, indústria ou automação urbana, as otimizações têm que ser feitas à direita da vírgula.
Em uma estimativa de provedores de serviços, com critérios equivalentes, o tempo de resposta para determinada funcionalidade de um servidor em nuvem pública chega a 80 milissegundos. Essa latência (o tempo que o pacote leva nas instâncias da rede) é reduzida a 20 ms, quando o provedor instala um datacenter na localidade, perto do ponto de acesso. Com edge, fica entre 1 e 5 ms. O valor é desprezível para quem conversa com o ChatGPT ou até mesmo faz uma videoconferência. Mas em sistemas de transporte, por exemplo, pode reduzir de metros para centímetros o avanço de um carro, entre a leitura de um dado e o retorno do comando de parada.
Embora a ideia de aproximar o processamento ao consumo dos serviços não seja nova, a edge computing (computação local) ganha destaque neste momento pela conjugação de outros fatores. Na rede, a conectividade 5G e Wi-fi 6 traz velocidade e QoS (qualidade de serviço) com patamares inéditos de confiabilidade e tempo de resposta. Do lado das aplicações, vemos plataformas distribuídas feitas para ingestão de dados e processamento complexo em alta performance.
Além das questões de tráfego, rotas e performance da rede, em muitos casos de uso faz mais sentido que os dados sejam armazenados e processados perto de onde são gerados e utilizados. Por exemplo, as bases de dados para aplicações de automação de fábrica, CRM de filiais ou de reconhecimento facial, assim como a análise, podem ser armazenadas e executadas localmente, ainda que o treinamento seja feito no datacenter corporativo ou em nuvem pública. Ou seja, quando o que interessa é um conjunto de dados restrito, e o tempo de resposta é importante, as alternativas de edge computing são consideradas.
Por que “metacloud” – infraestrutura fisicamente distribuída com gerenciamento à velocidade da nuvem
Edge computing significa aproximação, não “descentralização” da TI. Em tempos em que as aplicações renovam suas funcionalidades todo dia; as configurações devem se adequar dinamicamente; as equipes de TI são sobrecarregadas; e o Financeiro exige indicadores precisos, não dá para pensar em qualquer arquitetura sem os recursos de virtualização e automação do SDDC (datacenter definido por software).
Na multicloud, enquanto os profissionais de infraestrutura, negócios e finanças comparam técnica e economicamente as alternativas on premise, produtos de nuvem e outros recursos, isso tudo é abstraído. O desenvolvedor, áreas de negócio, o DPO (executivo de proteção de dados) e outros “consumidores” enxergam uma única camada de infraestrutura, com os indicadores técnicos e econômicos para a distribuição das cargas de dados e processamento. E esse gerenciamento é feito em alto nível, com uma plataforma de automação executando a orquestração técnica. A metacloud estende a agilidade e o controle da nuvem a tudo, dos grandes servidores corporativos ao equipamento de chão de fábrica.
É importante lembrar que edge computing não significa necessariamente instalar os servidores na casa do cliente. Como mencionado nas estimativas dos provedores, encurtar as rotas já pode proporcionar o ganho de desempenho necessário. Nesse contexto, já vemos movimentos de operadoras, provedores de serviços, companhias públicas (Prods) e outros agentes de criação de ecossistemas locais.